domingo, 2 de abril de 2017

Little Women - Louisa May Alcott






“Meg, minha querida, eu valorizo a habilidade feminina que mantém uma casa feliz mais que mãos brancas ou conquistas da moda.”

- Little Women



Só tenho uma coisa a dizer sobre as leituras de março: foram maravilhosas! Na realidade, pensei que o ritmo lento de leitura presente nos meses de janeiro e fevereiro seria a regra para o ano de 2017, mas este mês se mostrou diferente. Tive a oportunidade de ler três livros, dentre eles Little Women, traduzido como Mulherzinhas em Português, e escrito por Louisa May Alcott. É justamente sobre ele que o texto de hoje trata.

Antes de iniciar esta “análise”, é preciso dizer que, ao contrário de muitas pessoas, não pude ler o volume seguinte a esta história, intitulado Good Wives, livro publicado em 1869, ano seguinte à publicação de Little Women, em 1868. Sendo assim, àqueles que tenham lido ambos os volumes, não se surpreendam por não haver menção aos acontecimentos que se reservam à continuação desta história.

Estamos falando de uma romance que, segundo alguns, seria de inspiração autobiográfica e que conta a história de quatro irmãs, Meg, Jo, Beth, and Amy March, crescendo entre 1861 e 1865, sem a presença do pai que servia o país nos tempos da Guerra Civil Americana, porém sempre em presença da mãe, Marmee, cujo espírito alegre e servil molda e ajuda as irmãs a reconhecerem suas fraquezas e superá-las.

Todo o enredo versa sobre uma família que, após ter perdido boa parte do dinheiro que possuía, vivia simples e modestamente uma vida cheia de alegrias e momentos árduos, como a ausência do pai que estava na Guerra. A rotina da casa baseia-se na domesticidade de todos os seus membros, de modo que as irmãs, a mãe e a empregada exerçam diferentes atividades, o que contribui para a boa convivência entre elas. As irmãs mais velhas, Meg e Jo, ajudam na renda familiar, enquanto Beth se ocupa dos trabalhos domésticos e Amy atende à escola. Cada uma delas tem seu temperamento único, sendo Jo a mais encolerizada e Beth a de temperamento mais doce e servil e cuja vocação para atender a todos parece não requerer esforço extra.

A beleza nesta história reside, a meu ver, na transformação de todas as personagens em suas lutas para vencer suas fraquezas, temperamentos e vícios. Josephine, em particular, encantou meu coração e pareceu-me aquela que mais teve suas ações transformadas pela constância em lutar contra seu temperamento irascível. Confesso que em determinado momento da história as lágrimas foram inevitáveis de forma que não pude controlar meu choro dentro do carro, evento que assustou meu esposo, no que me viu assim, chorando e olhando para as páginas de um livro. Este momento está no capítulo 8 do original em Inglês quando, após quase perder a irmã Amy num acidente, Jo confessa que teme que seu temperamento colérico a leve a cometer algum ato irracional algum dia e que suas explosões de raiva a deixam sem saber como controlar a si mesma. Para mim, este momento representa tudo o que eu gostaria de ter ouvido quando, ao ficar irada, queria destruir tudo que via pela frente. A tradução do diálogo entre Jo e sua mãe foi feita por mim e pode não estar de acordo com as traduções oficiais.




“Não chore assim, mas lembre-se desse dia, e decida, com toda a sua alma, que você nunca conhecerá outro como este. Jo, querida, todos nós temos tentações, algumas maiores que as suas, e às vezes levamos uma vida inteira para dominá-las.” (Little Women, p.111) 

Tudo bem. Podem começar a dizer que sou chorona. Mas somente quem luta contra seu próprio humor pode imaginar o que significa enfrentar este momento-chave em nossas vidas em que nos perguntamos "Queixar-me-ei de meu humor irascível para o resto da vida ou hei de tentar superá-lo de uma vez por todas?" Afinal, chorar sobre o leite derramado nunca provou ser útil mesmo.

Outro ponto que me levou a refletir sobre o papel da mulher na família foi o valor atribuído a Marmee, a mãe das quatro adolescentes, por ocasião de sua viagem para cuidar do pai doente na Guerra. Como tudo fosse de mal a pior, mais do que saudosas, as meninas sentiram muito fortemente o peso dos trabalhos domésticos, até então desempenhados na maior parte do tempo pela mãe. É neste momento que questiono aqueles que julgam desnecessárias as figuras do pai e da mãe, como se tudo se tratasse meramente de um capricho adulto em que o direito à companhia de ambos pela criança não fosse importante, desde que seja em nome do “amor”. Quando já não podiam mais esconder a doença de Beth, Marmee anuncia sua volta ao lar e a alegria das irmãs quase não pôde ser contida, a despeito da irmã em estado convalescente. Todas, aos se encontrarem pelos corredores da casa, se abraçavam e sussurravam encorajadamente “A mamãe está chegando, querida! Mamãe está chegando!”. Pode haver algo mais lindo que os carinhos e afagos de uma mãe? Ou a firmeza de caráter bem como a segurança que um pai pode proporcionar aos seus filhos? Haverá argumentos que digam que os tempos eram outros e que alguns conceitos mudam. Conceitos mudam, sim, mas a essência das coisas, a Verdade, não.

Infelizmente, o choro e ranger de dentes de algumas feministas que leram a obra também estão na internet. Há críticas duríssimas especialmente ao segundo volume da obra. Confesso que depois de ver algumas espumando de raiva, fiquei ainda mais tentada a comprá-lo. Não importa que o trabalho doméstico na obra seja para as personagens o meio pelo qual as irmãs se tornaram pessoas melhores. Importa ‘desconstruir’ – sem colocar nada no lugar, claro – e ‘problematizar’ tudo.

Resta saber se eu apreciei a leitura, mas o textão acima é suficiente para provar que sim, amei a leitura e espero poder saber como continua a história. Em resumo, esta é uma história que contraria toda a sociedade moderna que está pautada na idéia de que viver bem é o mesmo que ganhar mais.

E você? Já leu o livro? Qual personagem fez com que parecesse que estivesse a olhar no espelho?

2 comentários:

  1. Gostei muito do resumo do livro Aline! Obrigada! Bjs❤

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    1. Cintia, muito obrigada pela visita! Se puder, leia a obra! Tenho certeza que muitas coisas do curso De Volta ao Lar serão recordadas :) <3

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