segunda-feira, 13 de março de 2017

Great Expectations




“Suffering has been stronger than all other teaching, and has taught me to understand what your heart used to be. I have been bent and broken, but - I hope - into a better shape.”
― Great Expectations

Ler os clássicos tem me deixado numa espécie de êxtase quase sempiterno. É claro que não poderia ser diferente com Great Expectations. Demorei mais de dois meses para concluir essa leitura e fiquei muitas vezes dividida entre esta e outras obras literárias e leituras espirituais.
Com a primeira edição em 1861, esta obra com a qual me deleitei por tão longo período, tem como pano de fundo a formosa e elegante era Vitoriana. Não há nada mais prazeroso para mim do que me imaginar vivendo nesta que foi uma das épocas mais galantes.
Philip Pirrip, ou simplesmente Pip, foi um garoto órfão nutrido pela irmã e o cunhado e que, após alguns anos vivendo em uma das muitas famílias pobres da sociedade Inglesa, recebe uma alta quantia em dinheiro para, sem nenhum esforço, tornar-se um aristocrata. A trama, de modo geral, está desenvolvida com base no mistério da identidade de seu benfeitor - que mais tarde se mostrará surpreendente por se tratar de um antigo condenado da justiça a quem Pip ajudou quando ainda era uma criança -  bem como sua paixão  por Estella, a filha adotiva de Miss Havisham, cuja vida se resumiu a educar a pobre menina para quebrar os corações dos homens como uma forma de vingança a Copeyson, o homem que a abandonou no altar anos antes.
Após conhecer sua amada por ocasião das visitas que fazia à casa de Ms. Havisham, Pip decide que o grande obstáculo para que Estella o tenha em alta conta é a sua posição social que não o permite estar à altura dela. Deste modo, o garoto decide que, para conquistá-la bem como ser reconhecido, deverá tornar-se alguém com alguma fortuna.
O caminho trilhado por Pip nesta jornada de pecado e redenção foi uma das mais belas impressões que tive. Não somente ele amadurece de modo a perceber que fortuna alguma poderia fazê-lo feliz, como também tem a oportunidade de expiar suas culpas com relação ao esposo de sua irmã, Joe, pelo tempo em que dele se manteve insulado por vergonha de sua baixa condição social.
Outra experiência maravilhosa que pude viver com este livro foi o fato de aprender como o amor não se nos apresenta como um sentimento mas como decisão. Sim, Pip, ainda que amasse Estella, porta-se como um verdadeiro e nobre cavalheiro e deixa-a partir, se bem que seu coração esteja em pedaços. Além disso, podemos notar como um coração amargurado e vingativo de pessoas como Ms. Havisham pode levar à perdição aqueles que o cercam. Em outras palavras, esses sentimentos têm poder destrutivo que se estendem para além de quem os sente e podem, como se nota em Estella, transformar a alma mais pura naquilo que há de mais sórdido.
Para além das considerações acerca da história mesma, uma pequena curiosidade que só me foi revelada porque quis saber mais a respeito do livro é o fato de existirem dois finais escritos por Dickens. O primeiro, como sugere o tom da obra, não foi feliz como alguns românticos leitores da época gostariam. O segundo, ao contrário, sugere que Pip e Estella teriam uma chance de finalmente unirem-se um ao outro. A decisão de mudar o final original partiu, dentre outras motivos, dos comentários dos leitores que esperavam algo óbvio como o típico casal apaixonado unido depois de tantos obstáculos. Tendo recebido críticas a esse respeito, ele definiu que a união de Pip e Estella seria mais razoável.
Ainda neste sentido, as críticas parecem não chegar a qualquer conclusão: afinal, seria melhor um final condizente com o teor melancólico da obra ou algo surpreendente que fizesse com que todo o sofrimento vivido pelas personagens finalmente chegasse ao fim? Eu, particularmente, tenho o palpite de que um final condizente com o tema da narrativa seria mais ponderado. Entretanto, gostaria de saber o que pensam aqueles que já leram ou ainda terão a oportunidade de ler esta história.
Não poderia deixar de finalizar com uma recomendação alegre desta leitura que me transformou em dois meses. As razões para que Dickens esteja entre os maiores escritores de todos os tempos se devem, com certeza, à beleza de suas referências e aos temas profundamente humanos das grandes batalhas que todos nós já vivemos ou viveremos um dia.

Boa leitura a todos e não esqueçam de comentar as suas próprias impressões acerca desta obra.

2 comentários:

  1. Aline, comprei o livro em inglês, daquelas coleções que tem os livros em várias escalas de aprendizado (Great Expetations está no avançado). Gostei de ter encontrado tua análise na Internet, assim já vou ler o livro com alguma idéia do que vou encontrar. Obrigada e parabéns.

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    1. Valéria, obrigada pelo seu comentário!
      Fico feliz que tenha gostado do texto e espero que goste mais ainda da leitura do livro.
      Apareça sempre!

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